Um viajante realmente nunca cessa de adquirir informações ao longo de sua jornada; e ele usa essas informações para melhor compreender os lugares por onde passa e as pessoas que ali vivem. Em cada lugar as pessoas tem um significado diferente para o fogo, a chuva e o vento. As vezes ele aprende que o oceano pode ser malicioso e perigoso; Outras vezes, que pode ser tranquilo e repousante; sob um aspecto, ele traz morte e destruição e sob outro, pode trazer gratificação e vida.

Ele experimenta o vento e o sol, a chuva e tudo o que aprendeu sobre o fogo, os animals domésticos e as estações. A chuva, por exemplo, é celebrada por alguns e temida por outros, por causa dos dilúvios e tormentas
que a acompanham.

O viajante não apenas conhece essas informações mas “usa-as” para entender cada lugar aonde vai, e… Ele modifica essas informações de acordo com as diferentes terras por onde viaja, recombinando aquilo de que dispõe para estabelecer compatibilidade e compreensão com aqueles com quem ele está convivendo no momento. E essa atitude de estar constantemente recombinando, continuamente se movendo para a frente, se transforma num refúgio, num porto seguro mental, é dele que o viajante se alimenta assistindo aos seus próprios aprendizados com as experiências vividas junto aos fazendeiros, nas suas plantações, aos boiadeiros nas campinas, aos caçadores nas florestas, aos Pescadores nas praias.

Procurando proteção em casas e tendas, alpendres ou choupanas e se reenergizando com as sementes, carnes de carneiro, coelho, de muda de roupa apropriadamente segundo cada local. Ele começa a compreender suas
atitudes variadas, as perspectivas e aquelas coisas que o tocam profundamente, como os laços pessoais com aqueles com quern se encontra, o viajante aprende a ter como guia suas atitudes consigo proprio, a respeitar aqueles com quem está convivendo, ajudando-os a aumentar suas escolhas com a sabedoria adquirida nas jornadas realizadas até aquele momento.

O viajante sabe muito bem que cada pessoa residente em sua respectiva terra conhece e compreende muito mais os recursos e os costumes dessa área em particular do que ele próprio – um completo estrangeiro. E o viajante compreende que pode ampliar sua compreensão e imaginação com o conhecimento que cada uma dessas pessoas tem de sua terra natal.

O fazendeiro é seguro porque está estabelecido e assentado. O viajante pode levar para ele a excitação e a criatividade oferecidas por algumas viagens distantes. O boiadeiro se sente em paz no seu estilo de vida rotineiro e silencioso, em alegre comunhão com o sol e tocando música a luz das estrelas, a noite. Para este, o viajante leva a sabedoria das cidades. A esses lugares onde homens e mulheres constantemente estão mudando
de local e de estilo de vida, ele leva conhecimento. Os pescadores são brutos porque a vida para eles e dura. São fortes porque o mar e rigoroso. Sao casados com o mar porque ele é a fonte de sua vida. Eles são desafiados na sua associação com o mar. Para estes, o viajante leva a sabedoria da ternura e o respeito pela terra o que eles nao estão acostumados.

Nenhum deles poderia mudar de lugar com o outro, mas todos exalam respeito mútuo, sabendo que cada um escolheu a vocação. o ambiente e o modo de vida mais apropriado para o emprego de sua própria força, seu próprio temperamento e seus talentos naturais. E mesmo assim cada um deles jamais se esquecerá da parte do outro que ficará para sempre em seu interior.

Trecho do livro: Qualidade começa em mim de Tom Chung.