Você já olhou para uma grande cidade – como São Paulo – e a achou cinza demais?
Prédios incolores, sem muita vida, com poucos estímulos visuais. Construções que não favorecem a apreciação da beleza – até por que não há nenhuma. Isto foi algo que particularmente sempre me incomodou. O design, o contorno, o estado da arte (ou ausência dela) é algo que deveria ser levado em conta.
Poucos sabem, mas somos diretamente afetados pela arquitetura que nos cerca. A união de pedaços de concreto em torno de um espaço em comum, além de não causar nenhum efeito positivo, favorece a proliferação de sentimentos de baixa autoestima, de ansiedade e depressores. Por outro lado, estar próximo a coisas coloridas ou vivas – como tudo o que há na natureza – auxilia no combate de diversas doenças mentais. Já ouviu falar que a depressão é uma doença urbana? Isto não está exatamente errado.
Pensando em tudo isso é que alguns arquitetos e escritórios espalhados pelo mundo decidiram que era possível inovar com empreendedorismo. Sem exigir condições, recursos e materiais que estavam além da capacidade local em que habitam, estes gênios prometem mudar o conceito de cidade.
Bjarke Ingels Group

O sagaz arquiteto dinamarquês Bjarke Ingels estava fatigado da monotonia de sua cidade. Conhecido por fundir estilos e dar diversas possibilidades de existência aos seus projetos, a arquitetura dele mistura empreendedorismo, inovação e criatividade.
O maior exemplo disso está em Copenhague, com a usina que transformará lixo em energia elétrica. Criado em 2006, o Bjarke Ingels Groups (BIG) tomou para si a missão de fazer desta construção algo maior do que si mesma.
Além da usina, a construção abrigará a primeira montanha de esqui da Dinamarca; um paredão de escalada e um espaço de socialização no entorno da vizinhança.

Greg Lynn

Greg Lynn, nascido em Ohio, Estados Unidos, começou sua jornada na rigidez da vida científica. Formado em filosofia e arquitetura, passou por diversas universidades americanas antes de se decidir. Por fim, escolheu trocar o teclado que digitava seus artigos por softwares de última geração, robótica e automação.
Um rosto ainda estranha pelas américas, Greg é um dos primeiros a utilizar drones e o conceito de realidade aumentada em sua arquitetura. Sua inovação casa com seu empreendedorismo; visuais limpos e responsivos, suas obras mostram que é possível unir simplicidade com avanço científico.
KAMJZ Architects

A marca de Maciej Jakub Zawadzki, fundador do recente escritório polonês KAMJZ Architects, possui uma premissa básica: não há limitações, apenas oportunidades desafiadoras. Sua arquitetura destaca-se pelo seu empreendedorismo límpido; seus projetos saem praticamente da maneira como foram pensados na maquete, com precisão invejosa.
Sua empreitada mais ousada até então foi encomendada por Taiwan – um centro cultural em Taichung. A marca que Zawazdki deixou foi unir necessidade ecológica com criatividade arquitetônica: toda água da chuva escorre pelas fachadas do edifício.

El Equipo Mazzanti

Os projetos conduzidos pelo colombiano Giancarlo Mazzanti possuem como principal objetivo o comprometimento com a transformação social. Suas construções recebem contribuição de sociólogos, artistas e engenheiros sociais. Mazzanti acredita essencialmente que o ambiente circundante à vida das pessoas influencia grandemente na forma como veem a si mesmas.
O espaço, segundo Mazzanti, é muito mais do que o local onde as pessoas habitam; é com o que elas se identificam, criam cultura e laços afetivos; expressam seus mais profundos anseios, como também seus temores. Portanto, ele precisa ser bem feito.
Dentre suas ideias mais brilhantes, encontra-se o Parque Biblioteca Espanã, em Medellin; três blocos negros que contrastam com o verde ao seu redor passam um toque existencial propício ao estudo e reflexões filosóficas.

Snohetta

Os noruegueses Kjetil Thorsen (esquerda) e Craig Dykers (direita), do escritório Snhoetta, veem em suas obras a funcionalidade que as mesmas terão na vida daqueles que delas usufruírem. Preocupação destes dois que supera até mesmo a do design.
O exemplo mais contudente disso foi a Ópera Nacional da Noruega, que reconectou os habitantes com a beira da água e até permitiu que estes andassem pelos telhados da construção.
